22.7.09

Querida M.,

Que baita susto eu tive quando li sua carta! Confesso que ainda estou sem entender muito bem o que aconteceu... morrer?! Por quê?! Depois de tanto tempo sem notícias suas, sou pego de surpresa por linhas tão tristes e amarguradas. Bem sei que você sempre teve épocas melancólicas, mas sempre percebi isso como um romantismo bastante peculiar que você teimava em esconder. Mas isso que você me escreveu já é demais... Por favor, não me venha com conformismos diante da sua condição! Matar-se resolveria o quê? As dores, a gente aprende a conviver com elas, por mais difícil que seja. Reage, criatura, cria coragem e fé pra mudar! Muda sua atitude para que as coisas aconteçam e você possa se eternizar. Não é só o mar que é eterno. Nós também nos eternizamos quando deixamos e recebemos um tanto nos encontros da vida. Nós nos eternizamos nos outros. E isso não é apego à espécie, é a vida. O que seria do mar se não fossem os rios, as chuvas, o calor? Morrer é natural. Matar-se é se limitar. É se limitar ao que conhece, ao que tem medo. Não fale mais isso nem por brincadeira. Você também sabe o quanto me faria mal a sua ausência. Dê-me detalhes para que eu possa lhe visitar e acabar com essa saudade que sinto.

Beijos carinhosos.

Um comentário:

M. disse...

ai, querido...
Desfalecer tem seu gozo.